sexta-feira, 20 de julho de 2012

CNBB quer falar de aborto na campanha eleitoral

As greves se alastrando no serviço público, sem perspectivas de solução, indicadores negativos em todas as áreas da economia, atentados terroristas com muitas mortes lá fora, as novidades não são nada animadoras nesta manhã de quinta-feira. Fica cada vez mais difícil garimpar notícias boas como pede a minha colega Andrea Beron, na bancada do Jornal da Record News.
Mesmo com o recesso do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, com Brasília vivendo uma trégua política, a campanha eleitoral não consegue chamar a atenção e ocupar espaços no noticiário, pelo menos em São Paulo.
O clima está ficando cada vez mais esquisito. No momento em que se anuncia a criação da 30ª sigla, um tal de PEN (Partido Ecológico Nacional), o esculacho do sistema partidário brasileiro chega ao fundo do poço, o que pode explicar o desinteresse do eleitor e o surgimento em cena de outros atores para preencher o vazio. Pois a principal novidade do dia é esta.
Para esquentar o debate, agora entra em campo outra sigla, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), entidade máxima da igreja católica no país, que anuncia quais são seus temas prioritários para as eleições de 2012.
Por acaso são saúde, educação, segurança, moradia, temas recorrentes que a instituição levanta todos os anos nas suas "Campanhas da Fraternidade", e que deveriam ser as principais preocupações dos candidatos em todas as cidades brasileiras? Nada disso.
Em entrevista ao repórter Fernando Rodrigues, da "Folha", o secretário-geral da CNBB, Leonardo Steiner, abriu o jogo.
leonardo steiner1 CNBB quer falar de aborto na campanha eleitoral
Bispo Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB
Além de defender o óbvio voto em candidato ficha limpa e o combate à corrupção, o bispo quer discutir a liberalização do aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, como se estes temas fossem da alçada de prefeitos e vereadores.
Por coincidência _ ou não _ foram estas as bandeiras levantadas pelo tucano José Serra na última campanha presidencial, em 2010, para atacar a sua então adversária Dilma Rousseff, hoje presidente da República.
Novamente candidato municipal, pela quarta ou quinta vez, Serra anda sumido e ainda não apresentou ao eleitorado alguma ideia nova sobre o que pretende fazer para melhorar a vida dos paulistanos, caso seja eleito.
As bandeiras levantadas pelo secretário-geral da CNBB podem servir para alguns candidatos chamarem a atenção da freguesia, mas certamente não contribuem para melhorar o clima político no país.
Partido é partido, governo é governo, igreja é igreja, judiciário é judiciário, imprensa é imprensa _ assim como antigamente se dizia que polícia é polícia e bandido é bandido.
Quando estas instituições começam a misturar estações e invadir a área das outras, embola o meio de campo e fica ainda mais difícil o eleitor definir quem é quem nesta suruba pouco republicana do mercado eleitoral.
Desse jeito fica difícil atender ao pedido da nossa Andrea Beron. Quem sabe, até o telejornal entrar no ar, ás nove da noite, surja alguma notícia boa para a gente mudar o disco. Se os caros leitores do Balaio puderem me ajudar, eu agradeço muito.
Alguém por aí tem alguma notícia boa para me dar, nem que seja sem muita importância para os destinos nacionais?
Em tempo, às 12h30:
Acabei de encontrar uma notícia boa _  não só boa, como ótima. "Aumento do salário e programa de distribuição de renda fazem pobreza cair 36% no Brasil, diz OIT". Está na manchete do portal UOL, que informa:
"Estudo divulgado nesta quinta-feira (19) pela OIT (Orgsanização Internacional do Trabalho) com diversos indicadores socioeconômicos compilados mostra que, entre 2003 e 2009, a pobreza no Brasil caiu 36,5%, o que significa que 27,9 milhões de pessoas sairam da condição nesse periodo. Segundo a OIT, são consideradas pobres aquelas pessoas cuja renda fica abaixo de meio salário mínimo mensal per capita".
Aguarda-se a manifestação da CNBB sobre o assunto.

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