As greves se alastrando no serviço público, sem perspectivas de
solução, indicadores negativos em todas as áreas da economia, atentados
terroristas com muitas mortes lá fora, as novidades não são nada
animadoras nesta manhã de quinta-feira. Fica cada vez mais difícil garimpar notícias boas como pede a minha colega Andrea Beron, na bancada do Jornal da Record News.
Mesmo com o recesso do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal,
com Brasília vivendo uma trégua política, a campanha eleitoral não
consegue chamar a atenção e ocupar espaços no noticiário, pelo menos em
São Paulo.
O clima está ficando cada vez mais esquisito. No momento em que se
anuncia a criação da 30ª sigla, um tal de PEN (Partido Ecológico
Nacional), o esculacho do sistema partidário brasileiro chega ao fundo
do poço, o que pode explicar o desinteresse do eleitor e o surgimento em
cena de outros atores para preencher o vazio. Pois a principal novidade
do dia é esta.
Para esquentar o debate, agora entra em campo outra sigla, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), entidade máxima da igreja católica no país, que anuncia quais são seus temas prioritários para as eleições de 2012.
Por acaso são saúde, educação, segurança, moradia, temas recorrentes
que a instituição levanta todos os anos nas suas "Campanhas da
Fraternidade", e que deveriam ser as principais preocupações dos candidatos em todas as cidades brasileiras? Nada disso.
Em entrevista ao repórter Fernando Rodrigues, da "Folha", o secretário-geral da CNBB, Leonardo Steiner, abriu o jogo.
Além de defender o óbvio voto em candidato ficha limpa e o combate à
corrupção, o bispo quer discutir a liberalização do aborto e o casamento
entre pessoas do mesmo sexo, como se estes temas fossem da alçada de
prefeitos e vereadores.
Por coincidência _ ou não _ foram estas as bandeiras levantadas pelo
tucano José Serra na última campanha presidencial, em 2010, para atacar a
sua então adversária Dilma Rousseff, hoje presidente da República.
Novamente candidato municipal, pela quarta ou quinta vez, Serra anda
sumido e ainda não apresentou ao eleitorado alguma ideia nova sobre o
que pretende fazer para melhorar a vida dos paulistanos, caso seja
eleito.
As bandeiras levantadas pelo secretário-geral da CNBB podem servir
para alguns candidatos chamarem a atenção da freguesia, mas certamente
não contribuem para melhorar o clima político no país.
Partido é partido, governo é governo, igreja é igreja, judiciário é
judiciário, imprensa é imprensa _ assim como antigamente se dizia que
polícia é polícia e bandido é bandido.
Quando estas instituições começam a misturar estações e invadir a
área das outras, embola o meio de campo e fica ainda mais difícil o
eleitor definir quem é quem nesta suruba pouco republicana do mercado
eleitoral.
Desse jeito fica difícil atender ao pedido da nossa Andrea Beron.
Quem sabe, até o telejornal entrar no ar, ás nove da noite, surja alguma
notícia boa para a gente mudar o disco. Se os caros leitores do Balaio
puderem me ajudar, eu agradeço muito.
Alguém por aí tem alguma notícia boa para me dar, nem que seja sem muita importância para os destinos nacionais?
Em tempo, às 12h30:
Acabei de encontrar uma notícia boa _ não só boa, como ótima.
"Aumento do salário e programa de distribuição de renda fazem pobreza
cair 36% no Brasil, diz OIT". Está na manchete do portal UOL, que
informa:
"Estudo divulgado nesta quinta-feira (19) pela OIT (Orgsanização
Internacional do Trabalho) com diversos indicadores socioeconômicos
compilados mostra que, entre 2003 e 2009, a pobreza no Brasil caiu
36,5%, o que significa que 27,9 milhões de pessoas sairam da condição
nesse periodo. Segundo a OIT, são consideradas pobres aquelas pessoas
cuja renda fica abaixo de meio salário mínimo mensal per capita".
Aguarda-se a manifestação da CNBB sobre o assunto.
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